Chegado e verão fechava-se a casa da foz do Douro e rumava-se de comboio a Barqueiros. Eram quase 3 meses (de princípios de Agosto até ao fim da primeira semana de Outubro) que os esperavam. O ar fresco da maresia era trocado pelo calor das encostas durieneses, pela sombra de algumas das árvores onde um fruto acabado de colher tinha um sabor que nunca mais se conseguiu esquecer. A água da mina que ficava ali no quintal ajudava a combater o calor. Eram 8 irmãos e mais alguns primos que enchiam de risos, correrias e brincadeiras toda aquela região. O meu pai, o mais novo de todos foi o que não pôde disfrutar até á idade adulta tais verões, pois a morte do seu pai, meu avô, quando tinha apenas 12 anos, e as vicissitudes próprias destas situações, terminaram na venda da maior parte das propriedades e apenas ficou a casa de família. No entanto as recordações de tão fortes que foram ficaram para sempre e de forma tão viva que nos foram passadas a nós filhas como se aqueles verões tivessem acontecido apenas alguns anos antes. Estive sentada com o meu pai a comer figos da mesma figueira que dava para a janela do seu quarto. Foi lá que percebi finalmente a recusa triste do meu pai a todas as uvas compradas no Porto pois o sabor das diferentes castas (moscatel de hamburgo, moscatel de Jesus, mourisca, rosac e tâmara).
As propriedades iam da Aldeia de Vale Penteeiro onde ficava a casa, à quinta principal, Bela Vista tinha uma vista maravilhosa para o Douro que corria lá baixo e onde passava o comboio ainda a carvão, (onde eram feitos os pic-nics de família) onde tinha penedos enormes cobertos de musgo e com um souto de cerca de 30 castanheiros. Noutra encosta havia a Costeira, onde nascia o ribeiro que ia dar á mina de lá de casa, e inúmeras árvores de fruto (cerejeiras, laranjeiras, tangerineiras, pereiras, ameixoeiras, ginjeiras) situada na margem direita do Douro onde o sol incidia directamente.
Ao escrever estas linhas a certa altura liguei ao meu pai para me relembrar quais as castas da uvas e estivemos uma data de tempo ao telefone enquanto recordava uma vez mais a belíssima infância que lá passou...demasiadas memórias para caberem nas linhas propostas para este post :)
Nota: Barqueiros do Douro tem origem no ofício dos seus habitantes que construíam e governavam os barcos Rabelos, que transportavam o vinho até às caves. É em barqueiros que começa a região demarcada do Vinho do Porto.
Nota2 - A foto é retiradada net e é da casa da quinta da Vista Alegre que pertencia aos meus tios (irmã mais velha do meu pai) embora apareça muitas vezes mencionada de forma errónea como tendo sido construída por Espanhóis. Ela foi comprada posteriormente por eles.
As propriedades iam da Aldeia de Vale Penteeiro onde ficava a casa, à quinta principal, Bela Vista tinha uma vista maravilhosa para o Douro que corria lá baixo e onde passava o comboio ainda a carvão, (onde eram feitos os pic-nics de família) onde tinha penedos enormes cobertos de musgo e com um souto de cerca de 30 castanheiros. Noutra encosta havia a Costeira, onde nascia o ribeiro que ia dar á mina de lá de casa, e inúmeras árvores de fruto (cerejeiras, laranjeiras, tangerineiras, pereiras, ameixoeiras, ginjeiras) situada na margem direita do Douro onde o sol incidia directamente.
Ao escrever estas linhas a certa altura liguei ao meu pai para me relembrar quais as castas da uvas e estivemos uma data de tempo ao telefone enquanto recordava uma vez mais a belíssima infância que lá passou...demasiadas memórias para caberem nas linhas propostas para este post :)
Nota: Barqueiros do Douro tem origem no ofício dos seus habitantes que construíam e governavam os barcos Rabelos, que transportavam o vinho até às caves. É em barqueiros que começa a região demarcada do Vinho do Porto.
Nota2 - A foto é retiradada net e é da casa da quinta da Vista Alegre que pertencia aos meus tios (irmã mais velha do meu pai) embora apareça muitas vezes mencionada de forma errónea como tendo sido construída por Espanhóis. Ela foi comprada posteriormente por eles.