28/03/2018

Onde termina a nossa liberdade e começa a dos outros?


O homem só poderia conhecer a sua lei, medir os seus limites, passando para o outro lado.
Artur Adamov



Sempre tive a certeza que a nossa liberdade termina exactamente onde começa a liberdade do próximo. Sempre tive esta leitura linear, sem grandes dúvidas. Por exemplo se estou num sítio público e quero ouvir a minha música, ponho headphones para não incomodar os outros.
Resumidamente eu posso fazer aquilo que eu quiser desde que tal não agrida os outros, não invada o seu espaço.

Mas e quando as acções são involuntárias, esse "direito" dos outros mantém-se? 

Imaginemos o caso de uma pessoa, seja ela criança ou adulto, ter um problema em controlar a sua agitação motora. Deixa essa pessoa de ter direito a frequentar determinados locais, alguns de reflexão por exemplo, outros de diversão como um cinema, simplesmente porque a sua agitação motora incomoda os outros, que têm a expectativa de estar num local calmo?

Este post não é uma critica mas sim uma reflexão séria sobre quais os direitos de todos nós, sejamos nós quem tem estas características ou não.

Exemplo 1:
Imaginemos que estamos num cinema e a pessoa da frente não para de mexer com o telemóvel, enviando e recebendo mensagens, e toda aquela luz azulada invade o nosso campo visual distraindo-nos do filme. Isto é algo que me irrita profundamente pois penso que se quer fazer isso então não está a ver o filme e mais importante ainda, não está a deixar os outros ver o filme. Acredito tenho aqui todo o direito de pedir que pare com o telemóvel.
Agora imaginemos que à frente se encontra uma pessoa que não para quieta, que se mexe a todo o momento. O que fazer? Continuo a ter o direito de pedir que pare de se mexer? 

Exemplo 2
É legítimo que se eu estiver num locar de reflexão, não queira sem distraído por alguém que esteja ao meu lado e não pare quieto um minuto, afinal procurei aquele preciso logar para reflectir e ter paz.

Mas agora pensemos que a tal pessoa, tem a agitação motora e não consegue de facto estar sem mexer mãos, braços ou pernas, ajustar a forma de me sentar, mas que também foi àquele mesmo local, para reflectir, para ter um momento de paz, dentro das suas limitações.  Neste caso o meu direito mantém-se?

Vivemos numa sociedade onde alguma coisa que saia da norma seja motivo de julgamento apressado, de critica mesmo que essa seja feita apenas com um simples olhar e nestes momentos a maior parte das vezes nunca paramos para pensar se não devemos ser tolerantes e não julgar logo na primeira oportunidade.



26/03/2018

Diz o ditado: "O bom filho à casa torna"






Eis-me de volta a este meu canto, à tanto tempo abandonado.

As lides cibernéticas tomaram outros rumos e  são imensas as páginas de blogs como este, que de pontos de encontro quase diários, se tornaram naquelas lojas poeirentas, por onde passamos e vendo o abandono, as cartas por responder no chão, já queimadas pelo sol, recordamos nostalgicamente os bons momentos que lá passamos.

O facebook é mais imediatista, é o consumo rápido, não há grandes pausas nem para conversa nem para leitura. Há uma ânsia desenfreada de partilhar retalhos de um dia-a-dia, que muitas vezes nos dá uma ideia completa e real da vida de quem partilha. E quem partilha genuinamente o que lhe vai na alma corre o risco de demasiada exposição.

Nos blogues, muito embora, seja como em todas as formas que temos de interagir, sempre houve quem não estivesse por bem, ou de forma genuína, sempre houve "predadores", mas houve sempre muitas pessoas que se limitaram a escrever o que lhes vai na alma, de forma livre e espontânea. Muitas vezes tive a sorte de me cruzar com pessoas únicas, fazer amigos que ainda hoje mantenho. 

Tenho por isso saudades de voltar a este cantinho, escrever, o bom o mau, o dia-a-dia que nos rodeia...enfim voltar às lides da blogosfera :)

Olhei para a coluna do lado direito do blog e dou-me conta que tal como o meu, os blogs que sigo estão quase todos ao abandono. Estou curiosa por ver quantos andarão pelo menos a passear por aqui.