28/09/2009

A tradição já não é o que era...



As eleições na minha infância correspondiam a ter uma festa lá em casa. Era normal a casa ser o quartel general onde o grupo de amigos dos meus pais se reunia para ver eleições.
Acompanhava-os quando iam votar e depois ao longo do dia íamos preparando a noite eleitoral. Mesa posta e casa preparada para receber, com cadeiras extra perto da Televisão que em tempos foi a preto e branco e depois a cores, muitas vezes a imagem com grão. E não havia 4 canais, era só mesmo a RTP e os resultados fluíam lentamente á medida que as assembleias de voto iam fechando, noite dentro.
Não havia telemóveis nem internet e esta noite tinha o seu ritmo próprio. Entre um petisco e um copo de vinho lá vinha mais uma freguesia apurada e eram de novo feitas pelos que lá se encontravam todas as previsões de futuro. Os tempos eram de facto diferentes. Os políticos da altura eram-no por convicção e não por filiação partidária ou falta de jeito e vontade de fazer qualquer outra coisa. Ainda me lembro de passarem na televisão os debates parlamentares e o nível do debate nada tinha a ver com a pobreza do circo que é hoje em dia. Algumas das figuras desse tempo que por vezes ainda aparecem em certos programas quando falam conseguimos ver a diferença de postura que têm em relação aos políticos de hoje em dia.

Mas voltando às noites eleitorais, ontem tentamos recriar o passado. Fui de manhã votar e levei o Luís que me perguntou de imediato o que significava ir votar. Tentei explicar-lhe pondo como universo uma casa que tem de ser gerida e temos de escolher quem a vai gerir. Acho que percebeu bem a mensagem :) (só não suspeita ainda é que a gestão neste caso é sempre feita em proveitos próprio....)
Fomos à praia e ao fim do dia fomos para casa da minha mãe, quartel general escolhido para estas eleições. Preparado o lanche ajantarado lá estivemos à espera da hora.
20h00 e quem ganhou as eleições foi o ps. Assim, tout-court...sem grandes desenvolvimentos, sem qualquer suspense no decorrer da noite. Os analistas todos desenfreadamente a dizerem de sua justiça um monte de coisas que já sabemos e depois disto lá vieram os resultados por freguesias mas pouco interessavam depois de termos o veredicto final. É como assistirmos a um jogo que sabemos qual o resultado final...perde a piada toda. Às 22 estava tudo acabado. E de repente vem a nostalgia do antigamente mas principalmente do facto de termos a noção que já não há quem esteja na política pela convicção de servir o país.

3 comentários:

CPrice disse...

em sintonia sem dúvida .. ! :)
Gostei de ler .. ah .. e prezo a politicamente correcta versão que deste ao principe ;) *

Beijos
Cat

Gi disse...

Como já comentei no post da Cat já ontem havvia facebookado sobre isto.

paulofski disse...

É verdade. Lembro bem de ter que ir para a cama sem saber quem tinha sido o eleito da noite, e mesmo às vezes nem na manhã seguinte se sabiam os resultados definitivos.

Beijo