03/09/2008

No final das contas...


Tive uma avó maravilhosa, a avó Amélia.

Era uma senhora que além de todas as qualidades que tinha como ser humano tinha uma que se destacava: era muito independente e cheia de genica. Detestava incomodar quem quer que fosse e acima de tudo adorava viver, fazer as suas coisas, sair, ir tomar café com as amigas, ir às compras etc. A Certa altura foi-lhe diagnosticado o Parkinson contra o qual lutou até onde pode e só quando já o Parkinson lhe tinha tirado a mobilidade, a independência, a fala de forma irreversível é que a minha avó desistiu....mas não sem antes lutar com todas as suas forças. Esta minha avó e a avó de uma amiga minha que era também sua amiga eram as excepções no nosso grupo de amigos. todos os outros avós ficavam mais por casa, precisavam bastante do apoio dos filhos e já não eram vistos como parte activa na família.

Porque razão falo hoje deste assunto?

Porque estive de férias em Espanha, país que adoro principalmente pela forma alegre que as pessoas têm e levar a sua vida. E estando de férias tive oportunidade de observar mais uma vez que há uma grande diferença de atitude das pessoas perante a vida. E essa diferença nota-se no final das contas. A zona onde estávamos no norte de Espanha é uma zona não turística frequentada essencialmente por famílias. Na praia vivia-se um ambiente familiar, com muitas crianças, com pais tios, primos e....avós! E foram estes últimos que me chamaram a atenção.

A diferença de firma de estar na vida da 3ª idade portuguesa e espanhola é gritante. Quando falo de avós falo de pessoas que teriam 70/80 anos e que embora estivessem com a restante família de féria, faziam uma vida bastante independente mas sendo sempre uma parte activa na família. De manhã cedo já estavam na praia a fazer os seus passeios...e não imaginam a quantidade de vezes que faziam a praia de uma ponta à outra! Tinham também as suas cadeiras de praia onde se juntavam grupos a apanhar sol, à conversa, a fumar uns cigarros, iam ao bar beber "una Caña" e por vezes ficavam por ali a jogar umas cartas.

Havia uma senhora que deveria ter cerca de 70/75 anos e todos os dias de manhã estava com uma amiga mais nova na praia. Chegava, abria a sua cadeira, ia tomar um banho e sentava-se a ler o jornal e a falar com a amiga. Fuma imenso, cigarro após cigarro. E tinha um telemóvel onde recebia inúmeras chamadas e que para meu espanto, quando tive oportunidade de reparar melhor era um PDA!!!!

Havia também um casal da mesma idade em que a senhora andava sempre com cores alegres: biquíni( simmmm biquíni, cliquem na foto e vejam que lá está ela de touca amarela prontinha a tomar um banho logo de manhã) azul turquesa, ou vermelho, mas sem parecer ridícula. Faziam enormes passeios na praia, iam dormir a sesta mas à tarde lá estavam eles outra vez e eram dos últimos a sair da praia.

Realmente a 3ª idade espanhola tem uma diferença de atitude perante a vida. Não quer ser um estorvo, não exige atenção, assume-se independente, viva e faz questão de marcar essa posição. E com isto tudo continuam a ser pais e avós activos no núcleo familiar e isso via-se bem.



Assim vale a pena viver a vida! Mas é importante que tomemos consciência (ainda estamos a tempo disso) que a nossa atitude perante a vida é que marca a diferença...e no final das contas isso nota-se!

29 comentários:

@ღღ@ disse...

vim so dizer
que estou cheia de pena
de não ir ao porto !
tenho de voltar a espanha
uma semanita ;)
olha manda o teu mail
para
anna@collongues.com
para te juntar
no meu blog privado
so de amigas e amigos
beijos

Luís Galego disse...

o acervo neste blog vai ganhando cada vez mais qualidade. O texto é digno de reflexão, sobretudo se pensarmos que cada vez mais nos afastamos da realidade espanhola, pelos vistos até na forma de viver as várias etapas da vida.

Maria P. disse...

Entendo o teu ponto de vista, embora também já encontre outras realidades por cá...

Beijoca*

1/4 de Fada disse...

A minha avó materna, que morreu com 93 anos, encaixava muito bem na descrição que aqui fazes e deixou-me umas saudades enormes.

Unknown disse...

A minha avó materna morreu muito nova, quase não tive contacto com ela, mas com a minha avó paterna tenho belas recordações, apesar de tb já ter falecido. Lembro-me dos passeios, dos vestidos k me fazia para as bonecas, das histórias contadas à lareira nas noites frias de Inverno.Tenho saudades,muitas...

Bjokas

liamaral disse...

Bem lembrado... muito bem lembrado! Eu guardo saudades das minhas queridas e muito amigas avós! A Avó Laura da parte do Pai e a Avó Olivia da parte da Mãe! Infelizmente perdi as duas muito cedo...
:) Beijinho

MariaTuché disse...

Fefiz com a tua volta :)

E feliz por poder dizer que pertenço a um grupo familiar activo, tenho a sorte de ter tido os meus avós até serme bem velhinhos e com gosto pela vida, graças a Deus nunca os vi numa cama como acontece a muitos idosos com doenças prolongadas, partiram todos com mais de 80 anos, só que infelizmente a realidade nem sempre é esta, nós fomos afortunadas..

Um beijo querida

Patti disse...

Além da questão cultural, de eles saberem viver a vida com menos sofrimento e queixas qeu nós, existem também factores económicos, de formação, familiares, sociais e de integração, até políticos.

Acho também que a geração das nossas mães já não é assim tão metida com ela e em casa a fazer renda. Somos é lentos, mas espero que chegamos lá.

Excelente post, mais uma vez.
O recentramenteo deu-te bem e com força.
Fico à espera de mais.

MC disse...

Só para te deixar um beijinho... se é que te lembras...

Unknown disse...

Há oito anos que lutamos, (eu e as minhas irmãs), para que a minha mãe de 76 anos se livre de uma depressão e faça coisas tão simples como ir ao pão de manhã.

Apesar do nosso espírito não ser o de desistir, o facto é que com algumas características de senilidade já se vão instalando, e de acordo com opiniões médicas, estamos perante a irreversibilidade de algumas capacidades que já foram perdidas.
Infelizmente, já não devo cnseguir ver a minha mãe enquadrada nesse quadro, mas também nunca será considerada como um estorvo.

:|

beijocas

Gata Verde disse...

Felizmente a minha com quase 84anos também é assim. Para te dar um exemplo, há 3 semanas levei-a a acampar pela 1ªvez e adorou!!!

Beijos

Filipa Sousa disse...

A minha avó materna também é uma "ganda maluca" sempre bem disposta, sempre com uma piada para contar.

Estimo-a pela juvialidade, pela coragem e força...é uma lutadora...é a minha avó.

Bjinhos

Paula Crespo disse...

Eu gosto muito de Espanha, quer pela variedade de ambientes e da paisagem, quer pelas pessoas, já que são as pessoas que fazem os sítios... É tudo uma questão de atitude e eu gostava muito que nós fôssemos contagiados por eles, nem que fosse só um bocadinho...
Bjs

LeniB disse...

De facto é outra mentalidade, outra postura...outro tudo.
Qualquer dia ainda vou viver para Espanha e vou "virar" uma velha gaiteira!!
bjssssssssss

Ka disse...

Anna,

Andei sem poer responder a comentários e sem net por casa mas logo já te envio mail, ok?

O jantar foi muiiiito giro :)

Beijinho

Ka disse...

Luís,

Obrigada pelo elogio! Simpatia tua só poe :)

Quanto ao tema, o problema é mesmo cultural!!!

Beijinho e boa semana

Ka disse...

Maria,

Há excepções, mas são isso mesmo: excepções e não regra infelizmente!!

Beijoca a boa semana :)

Ka disse...

Fada,

És uma afortunada por a teres tido até tão tarde :)

Beijinhos e boa semana

Ka disse...

Zabour,

As avós deixam-nos sempre muitas saudades não é?

Beijinhos e boa semana :)

Ka disse...

liamaral,

Realmente o papel dos avós é fundamental pois mesmo quem os teve durante pouco tempo lembra-se sempre deles :)

beijinhos e uma excelente semana

Ka disse...

Mariatuché,

Também tinha saudades e já passsarei no teu canto mais logo!

E sim, fomos afortunadas pelas avós que tivemos :)

Beijosssss e boa semana :)

Ka disse...

Patty,

Claro que há esses factores todos mas mesmo assim continuo aacreditar que o problema é mesmo cultural. Repara que nós aqui saímos do trabalho, vamos buscar filhos e metemo-nos em casa. Eles saem do trabalho vão buscar os filhos e vão passear um bocado, seja verão ou inverno. Jantam é mais tarde!!! Enfim posturas diferentes ...

Beijosssss

ps - tu não te esqueças de me mandar as 13947230498571203 fotos qe tiraste,, óbistes???? ;P

Ka disse...

Miguelitoooooooo!

Ai que saudades :)
Espero que estejas muito bem!!! A ver se te ligo.

Beijos grandes :)

Ka disse...

Jotabê,

O que nos contas é um caso específico e lamento que não consigam fazer a tua mãe reagir.

Aqui falo da atitude geral que é completamente distinta e que se fosse igual à que referi talvez inicialmente a tua mãe pudesse não ter tido uma depressão pois estaria muito ocupada a viver a vida.

Espero que esteja a correr tudo bem com o transplante!!

Beijocas

Ka disse...

Gata,

Ganahste o prémio da avó masi radical no BDK!!! loool
Acho espantosa essa jovialidade, quem me dera lá chegar e com esse espírito que a tua avó tem!!

Beijosss

ps - sentimos a vossa falta este fim-de-semana

Ka disse...

Filipa,

Eu gostaria de um dia vir a ser uma avó assim :P

Beijinhos

Ka disse...

Paula,

É mesmo isso!!! Nem precisavamos de ficar iguaias a eles, bastava sermos um bocadinho mais parecidos não é?

Beijos :)

Ka disse...

Lenib,

Acreditas que eu te acho mesmo capaz de tal atitude?? Nós temos "salero" a menos por cá, não é?

Beijosssss :P

Gi disse...

Também tive uma Avó AMÉLIA! Espectacularmente parecida com as avós que nós imaginamos.