26/11/2008

E hoje...


...a vida delas volta ao esquecimento...
Já não há mais fotografias chocantes, já não há mais notícias de primeira página.
Voltam a ficar no silêncio aterrador de quem sofre e nada pode fazer a maior parte das vezes...ficam remetidas para uma notícia de rodapé.

A maior parte nem sequer soube ou sabe que há um dia da erradicação...simplesmente porque para elas não o houve. Muito provavelmente algumas apanharam uns estalos, ou uns pontapés, outras foram ameaçadas do mesmo caso pisassem o risco e assim tiveram de engolir em seco e pensar na esperança de um dia poderem largar a vida que levam...mas os filhos...esses assistem a tudo e são uma das razões dos maus tratos. As mães para os defenderem acabam por pagar elas a factura.

A violência que muitas mulheres são alvo é normalmente feita entre quatro paredes, no "aconchego" do lar e por isso é muito difícil fazer prova num tribunal. A menos que a agressão seja física e leve a mulher ao hospital e ela assuma o que aconteceu, até podemos denunciar mas daí à condenação efectiva há um deserto muitas vezes interminável. Há a negação, a vergonha em contar e assumir que se é vítima, o medo das represálias pois ao fim do dia é para casa que a mulher volta.

Tudo é muito mais complexo do que nos parece à primeira vista. E ao contrário do que a maior parte das pessoas julga, as agressões físicas e psicológicas acontecem em todos os estratos sociais e muitas vezes por parte de pessoas insuspeita à primeira vista.
Há mulheres que se perdem...como seres humanos e que nunca mais voltam...


PS - Falo em mulheres pois na generalidade são as mulheres as vítimas o que não quer dizer que não existam casos de homens!


Porque todos os dias deveriam ser dias de erradicação da violência...

21 comentários:

Vera disse...

E a violência psicológica pode ser bem complicada...

Patti disse...

Como sabes e já leste, já falei disso muitas vezes no Ares, por isso vou referir-me à tua nota em p.s.

Os queixosos além das mulheres não sãoo só homens.
São também e cada vez mais: velhos maltratados pelas famílias, crianças e muito recentemente, jovens namorados, o que para mim demonstra que o futuro não se apresenta nada melhor e todas as campanhas que fazem não surtem efeito.

Patti disse...

E linda a música. Não conhecia e já fui 'baixar'.

Ka disse...

Vera,

Claro que sim até porque as marcas são internas e demoram mais a serem notadas e a passarem, se é que alguma vez isso acontece.

Beijinho

Ka disse...

Patti,

Claro que sim! No ps apenas referi os homens pois estava a falar no que se passa entre casais. Não quis envolver crianças e velhos pois acho que merecem um artigo próprio para cada um deles.

Beijoss

ps - a música é fantástica não é?

Paula Crespo disse...

Pois eu penso que não. Ou seja, sempre que existem dias disto e daquilo, significa que há a necessidade de lembrar isto e aquilo; que há a necessidade de se protegerem minorias desfavorecidas ou de ter em atenção as espécies em perigo, ou o que for. O que, em rigor, significa que no nosso dia-a-dia esses temas contemoplados nos dias comemorativos ou nos dias internacionais precisam de maior apoio, de maior atenção. O ideal seria não haver necessidade de haver dias especiais, pois significaria que, neste caso, a violência doméstica não existia ou, pelo menos, não tinha expressão significativa. É um pouco como a questão das quotas: só é necessário proteger o que está em risco...
Enfim, situações ideais...
Bjs

Paula Crespo disse...

Pois eu penso que não. Ou seja, sempre que existem dias disto e daquilo, significa que há a necessidade de lembrar isto e aquilo; que há a necessidade de se protegerem minorias desfavorecidas ou de ter em atenção as espécies em perigo, ou o que for. O que, em rigor, significa que no nosso dia-a-dia esses temas contemoplados nos dias comemorativos ou nos dias internacionais precisam de maior apoio, de maior atenção. O ideal seria não haver necessidade de haver dias especiais, pois significaria que, neste caso, a violência doméstica não existia ou, pelo menos, não tinha expressão significativa. É um pouco como a questão das quotas: só é necessário proteger o que está em risco...
Enfim, situações ideais...
Bjs

Ka disse...

Paula,

Mas então se bem te li estamos de acordo! Claro que infelizmente estes dias têm de existir por necessidade de chamar a atenção. O que escrevi foi no sentido de estas situações serem lembradas não apenas no dia "comemorativo" (expressão muito infeliz esta mas não me ocorre outra de momento) e além disso do facto de haverem mulheres para as quais este dia passa ao lado pelo pesadelo que vivem.

Beijoss

Gi disse...

Felizmente, já vai havendo coragem nadenúncia; felizmente já vai havendo apoio cada vez maior à vítima (seja mulher, homem, criança, seja em que idade for).

Lido de umuito perto com um caso assim e há tanta coisa que é preciso fazer, que muitas vezes nem sabemos o que fazer.

paulofski disse...

É entre paredes que se vive um silencioso e violento drama. A grande maioria das vítimas de violência doméstica, física ou psicológica, são as mulheres, supostamente mais frágeis mas susceptíveis na autodefesa ou na defesa dos seus filhos, que suportam situações de perseguição, ameaças, abusos e acusações. É sempre tempo de denunciar, de agir contra quaisquer casos de violência, de todo o tipo de maus tratos, qualquer que sejam as suas vítimas.

Post necessário infelizmente.

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ka,
que as coisas são mais complexas do que parecem não tem dúvida. Nomeadamente na viciação em ser seviciada - que nada tem a ver com os joguitos S/M - de algumas vítimas. Um conhecido meu e um amigo viram, à beira de certa estrada aí do Norte, um sujeito a dar um arraial na Mulher. Pararam o carro e tentaram acalmá-lo "homem, veja lá o que está a fazer, nada justifica isso...". Nisto, ELA volta-se para os salvadores e grita-lhes: " e que têm vv. com isso? Ele está a bater naquilo que é seu!".
Claro que esta história exemplar não nos deve fazer refugiar no conformismo, apenas gerar prudência, deixando a iniciativa da constatação da insuportabilidade a quem é desancada/o.
Dito isto, há uma só forma de violência doméstica que considero aceitável - a do benfiquista casado com Mulher de outro clube que descarregue uma sova de cinto nela quando o Glorioso perde.
E saio de mansinho antes que me crucifiquem...
Beijinho

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ka,
vi a indicação de vontade de não ser comentado o post acima, parece-me que será resultado de algum contratempo pessoal, mas não resisto a frisar o facto de a carpa ser aquele peixe usado para ilustrar a mudez...
Beijinho

Ka disse...

Gi,

Também lidei de perto com um caso destes e durante anos (e como há filhos o assunto não está resolvido :S)

O grande problema é que além do próprio demorar muito tempo até denunciar, quando denuncia se não houver provas cabais e irrefutáveis não há condenação. E mesmo com essas provas muitas vezes podem existir "atenuantes" e a condenação fica em "àguas de bacalhau"

Beijos

ps - quanto a velhos e crianças merecerão um post a seu devido tempo...

Ka disse...

Paulofski,

É isso...mas infelizmente nem sempre chega pois o sistema não ajuda muito...

Beijinho

Ka disse...

Querido Paulo,


loooool agora imagine lá a mulher a fazer o contrário?!?!!?

Falando agora mais a sério: o problema da viciação passa a maior parte das vezes por falta de opções e porque a vítima está subjugada psicologicamente...não tem distância crítica e vai perdoando...é mesmo muito complexo.

Beijinho

ps - quanto ao seu comentário acerca da carpa apenas friso que prefiro um silêncio a uma mentira, mas prefiro acima de tudo frontalidade e honestidade. Há quem não prefira, eu prefiro.

Pedro Barbosa Pinto disse...

Em vez do Dia da Erradicação da Violência, pretexto para as televisões entrevistarem vítimas de cara desfocada para que quem assiste sinta muita pena delas, melhor seria instituir o “Dia do Incompetente” e chapar nos ecrãs com as fuças dos carrascos.
Beijinhos

Anónimo disse...

Hoje dedicámos o dia ao NÃO À VIOLÊNCIA!

Ka disse...

CAro Pedro,

CAda vez mais penso que o estado se está a borrifar para este tipo de problemas. A lei é feita já com todas as escapatórias e basta uma cunha que já está.
Como é possível asistir ao que já assiti uma vez: um julgamento por uma queixa crime emq qe havia eestemunhos presenciais, vários e o agressor sai alegremente em liberdade?...Infelizmente não acredito mesmo na justiça portuguesa :S

Beijinho

Ka disse...

Caro Pedro Oliveira,

Dedicamos muito bem, diga-se!

Pena é que tenhamos de falar de assuntos destes :S

Vamos lá concertar o tema de amanhã ....lol

Beijinho

CPrice disse...

sem dúvida alguma .. erradicação de qualquer forma de violência. Assino eu.
:)

Ka disse...

Cara Once,

Benvinda ao BDK!

Pena é que tenhamos de ir assinalando os dias não é?

Volte sempre :)
Beijinho