01/03/2007

E não é que andei enganada todo este tempo??

"PS, PCP, BE e «Os Verdes» chegaram a acordo sobre a nova lei e apresentaram terça-feira uma proposta que substitui o diploma socialista aprovado na generalidade e prevê um acompanhamento psicológico e assistência social facultativos e um período de reflexão obrigatório para as mulheres que queiram abortar.
«Alguns acham que era dever do PS ir negociar com os partidos que foram contra, não sei porque é que se estranha que o PS tenha ido ter com PCP, BE e Verdes que apoiam a despenalização», acrescentou José Sócrates, referindo-se a críticas do PSD por não ter sido consultado. "
Diário digital

Sempre pensei que a questão do aborto era uma questão humana, social, moral...enfim tudo menos uma questão partidária!

Também, apesar de não acreditar muito na política em geral, tive sempre como certo que os deputados da Assembleia da república estavam lá para trabalhar em nome de um bem comum. E ainda estava mais certa que quando um governo é eleito passa a ser o Governo de Portugal e não o Governo do partido X.

Mas, ao ler esta notícia constato que afinal andei enganada este tempo todo pois afinal e segundo o 1º Ministro do Governo Socialista, o governo só tem de falar com os partidos que lutaram pelo sim no referendo. A todos os outros fica vetada a participação na lei que regulará o aborto.

Parece-me que é como se estivesse a castigar os Partidos que optaram por uma posição distinta da defendida pelo governo... upps, pelo PS queria eu dizer.

Enfim... sem classificação este tipo de atitudes principalmente no que diz respeito a uma questão tão importante como esta!

3 comentários:

joaquim disse...

Claro que não andaste enganada, Ka, (não tenho dúvidas disso pela luta que travaste), porque já sabias bem que era assim.
A vida humana não interessa para nada, quando se trata de alcançar uma "vitória" politica, ou melhor, serve apenas para se falar nela com o fim de alcançar a "vitória".
Só espero que Cavaco Silva emende agora a mão, e vete uma lei que nem sequer propõe uma aconselhamento obrigatório.
A desculpa de que limita a liberdade da mulher, o referido aconselhamento, é patética, porque o que está em causa afinal é a convicção ou não da mulher querer praticar o acto a que se propõe.
Se é mesmo isso que ela pretende depois de pesar todos os argumentos, a sua liberdade em nada é afectada.
Trata-se de ajudar a perceber todas as implicações que um acto desta natureza tem, na vida da mulher, do casal, do filho em gestação, para que se possa decidir em consciência livre.
Se isso é coerctar a liberdade da mulher, então têm em fraca conta as mulheres e a sua capacidade de decidir.
abraço

Alma peregrina disse...

Cara Ka
O que me espanta (?) são os pró-abortistas que se andaram a fazer santos de pau carunchoso e a dizer que eram um Sim moderado e que as mulheres iam ter acompanhamento e tal... quando os votos lhes davam jeito.

Não eram estas consultas que iriam diminuir o número de abortos? Como pretendem eles fazer isto? Estão mesmo à espera que o número de abortos se reduza apenas e simplesmente pela liberalização? Como é possível acreditar nisto? Ou será que era só enquanto os votos davam jeito?

As "donas da sua barriga", cuja arrogância as fez perder em 98, já não precisam da máscara. Nunca esteve em causa ajudar as mulheres necessitadas (a não ser quando os votos davam jeito).
O objectivo era pura e simplesmente adquirir um direito, destruir a mentalidade medieval (?) que ainda grassava em Portugal, derrotar a Igreja, acabar com o último controlo da sociedade machista sobre o corpo da mulher (é machista dizer que as mulheres não têm o direito de matar os filhos?).
E no caminho, reforçar o estado de graça do Sr. Primeiro-Ministro (que não teve a coragem de manchar as suas mãos com o sangue de inocentes, deixando isso para o povo)

Ou os portugueses sucumbiram a uma mentalidade doentia, ou são muito ingénuos. Rezo pela 2ª opção, mas as mentiras eram tão visíveis e evidentes, que tenho as minhas dúvidas...

Estou desgostoso, não há outra palavra...

Cumprimentos

Alma peregrina disse...

Já agora, já que os senhores do Sim gostam tanto de expressões lexicais pomposas, proponho a alteração da palavra "aborto".
Se uma mulher que leve até ao fim a sua gravidez "dá à luz"... uma mulher que aborte "dá à escuridão". Apropriado, não?