11/06/2007

No mínimo é imoral...

Como é sabido na campanha do referendo do aborto eu defendi o não. Defendi-o não por falsos moralismos mas sim porque sempre acreditei que esta nova lei não defende uma vida que já existe, não defende as mulheres e ao mesmo tempo incentiva uma sexualidade inconsciente. Estamos no século XXI e acredito que só engravida quem quer, salvo raras excepções. Esta actual lei é uma lei facilitista. Senão vejamos ao cúmulo a que chegámos: Segundo o público há quem queira já fazer um aborto porque "ia casar, estava a engordar e temia não caber no vestido". Concerteza estarão muitos de vocês a pensar que cada um deve agir em consciência, o que eu concordo na totalmente, no entanto esta lei permite que isto aconteça o que de facto é inqualificável.

Além disso toda uma série de medidas em torno desta lei tem vindo a ser tomada. São medidas que põe os direitos de uma mulher que quer abortar só porque sim, acima por exemplo de uma mulher que queira por exemplo ter um filho. Vejamos o exemplo: uma mulher que queira abortar pode fazê-lo no hospital que muito bem entender. Uma grávida não pode escolher o hospital que bem entender pois os hospitais só aceitarão grávidas da sua área de residência. Além disso se tiver o azar de ter o filho durante a noite, e viver em algumas zonas do país que não as principais cidades, não terá direito sequer a uma epidural, não há recursos para assegurar tal medida.

Num país onde temos um grave problema de baixa natalidade, este governo fecha hospitais, fecha escolas, obriga ao pagamento da saúde a menores de 12 anos e mais um sem fim de medidas, ao mesmo tempo que diz que quem quiser abortar, pode fazê-lo num estabelecimento de saúde autorizado (público ou privado portanto) onde bem entender, não tem de ter sequer uma consulta de aconselhamento e ainda por cima o Estado paga tudo!
O nosso país no seu pior mais uma vez...

19 comentários:

MRC disse...

Excelente post, Ka.
Esta lei é mais demais para ser verdade e é indigna de um país moderno, pois mandar matar um ser vivo por razões de "dá cá aquela palha" é algo que nem nos países mais rudimentares se encontra.
A nova lei poderia ser equilibrada, mas não é.
Sinto vergonha de viver num país assim..

GP disse...

Estou a 100% contigo, ka
Também votei não, também publiquei no meu posto vários artigos sobre este assunto. Um cidadão fotocopia um livro, comete um crime; usa a Netcabo pirata, comete um crime; copia um CD ou DVD, comete um crime, rouba uns bolos numa pastelaria, comete um crime, efectua uma manobra perigosa, comete um crime; foge ao fisco, comete um crime; etc. etc. etc.
Faz um aborto, não comete nenhum crime e os seus concidadãos são obrigados a pagar a sua, e do seu companheiro, falta de responsabilidade.

Beijinho

Ka disse...

Miguel,

Por vezes também eu...mas não tenciono baixar os braços acredita!

Beijinho e boa semana

Ka disse...

Graça,

O pior é que se manda uma vida "á viola" só porque se quer caber no vestido...

que valores estaas desta sociedade...

Beijinho e boa semana

Anónimo disse...

O materialismo / vaidosismo / novo-riquismo / imbelcilismo português no seu pior... Enfim...

Jinhos!

Anónimo disse...

Cara Ka,
tive a honra de lutar ao teu lado contra estas situações. Na altura, fomos apelidados de fundamentalistas. Tenho a certeza que, no futuro, se constatará de que parte estava afinal a razão e as consequências nefastas da decisão tomada no referendo.

Alma peregrina disse...

"Ah e tal, vou ao cinema, vou abortar" e as pessoas riam-se... e eu só pensava: "Mas vai ser permitido, portanto um dia, pode acontecer, é uma questão probailística..."
Só estava à espera que passasse, sei lá, uma ou duas gerações antes que sucedesse uma situação destas...

Será que as pessoas não viram o que foi o nosso século XX? Será que ainda não se aperceberam do que acontece quando nos arrogamos direitos divinos e decisões que não deveriam nunca recair sobre um ser imperfeito e insignificante como o humano?

Por vezes ainda acordo a pensar, como foi possível algo tão errado ter ganho tanta simpatia... De onde vem tanta cegueira (quer no sentido de ingenuidade, quer no de pequenez de alma)? O que aconteceu à honra, ao dever, ao altruísmo, ao espírito de sacrifício?

Mas perdoe-me o meu desabafo e a minha intromissão no seu blog no outro dia. É que fiquei completamente abanando!!!

Cumprimentos

Anónimo disse...

é verdade que de contradições está este Governo cheio... mas elas não anulam o principal nesta qyuestão que é: o Aborto realizado medicamente reduz o sofrimento humano, da mãe e até de uma criança que não sendo desejada de começo seria necessariamente infelizm durante toda a vida... Este é o foco verdadeiro desta questão e é abstracto para interpretações religiosas e políticas, menores quando comparadas com este aspecto do problema.

Ka disse...

Sa Morais,

É um bocado o que dizes mas por isso e por termos filhos pequenos que não devemos baixar os braços. Eles vão ter de viver nesta sociedade...

Beijinhos

Ps - Qua tal vai o teu rebento?

Ka disse...

Fernando,

É evrdade, estivemos juntos e fizemos uma boa campanha :)

Sabes uma coisa? se defender uma vida humana que ainda não se pode manifestar e defender mulheres que ficaram desprotegidas perante esta lei é fundamentalismo, então sou fundamentalista com muito gosto.

Beijinho

Ka disse...

Kephas,

Não tens de pedir desculpa. Eu é que agradeço. Só ainda não tinha escrito(já tinha lido a notícia) por falta de tempo e disponibilidade para o fazer de uma forma merecida para este assunto.

Sempre que souberes de notícias destas agradeço que me informes.

Beijinho

MRC disse...

Caro Clavis,
De facto, uma mãe que decide fazer um aborto para que o vestido lhe fique melhor no dia do casamento ficará certamente mais aliviada se se aliviar dessa "coisa" (nas palavras de Lidia Jorge) que leva no ventre.
Se esta lei não existisse, ela não poderia fazer esse aborto e iria passar a odiar o filho o resto da vida por ter ido ao casamento com um fato de noiva tipo saco de batatas. Que bom que é termos uma lei que torna a vida das mulheres mais fáceis, aliviando-as desse penoso e duríssimo sofrimento que é ser mãe.
Pena é a enorme lista de espera de casais que pretendem adoptar e não conseguem por motivos burocráticos. Pena é a hipocrisia dos que acham que é mais vergonhoso dar um filho para adopção do que o entregar numa clinica espanhola para ser esquartejado em pedaços ou os seus membros desmembrados e sugados por daqueles aspiradores que servem para limpar a "porcaria" que nos incómoda.
Mas depois é enternecedor ver pessoas como a Fernanda Câncio, emocionar-se com um cãozinho empalhado ou uma mulher morta no Iraque. Sim, porque um cãozinho e uma mulher morta no Iraque têm muito mais dignidade e, por isso, merecem muito maior consideração do que um ser vivo inocente em formação.
Já agora quem somos nós para acharmos que uma criança não desejada será forçosamente uma infeliz desgraçada para o resto da vida? Seremos Deus, por acaso? Quantos casos há de crianças desejadas que foram umas infelizes o resto da vida e crianças não desejadas que souberam virar o bico ao prego e ser felizes?
Estamos a fazer selecção de humanos em que uns decidem quem é que vai morrer.
Esta situação só mostra o quão baixo nós descemos.
Hitler e o Nazismo não teriam pensado melhor. Quem ler a biografia de Josef Mengele está lá muito clara a ideia nazi da "Vida indigna de vida" que é o mesmo conceito defendido pelos pró-abortistas. Não estou a inventar nada.

Ka disse...

Caro Clavis,

Antes de mais obrigado por participar e comentar.
Não posso no entanto concordar consigo por vários motivos.
Quem somos nós para dizer que uma criança vai ser infeliz só porque não é desejada? Aliás deixe-me que lhe diga que das pessoas que optaram por ter o filho, quase nenhuma se arrependeu, no entanto conheço algumas que se arrependeram de os não ter tido.
Quanto ao aborto realizado medicamente vê-se que não tem a mínima ideia do que fala...mas sabe uma coisa? Eu tenho e sei que tem consequências físicas e psicológicas por mais que seja acompanhado e legal... a não ser para estas criaturas para quem a linha para caber num vestido é mais importante que a vida humana.

Quanto á Religião e política não vejo porque foi para aqui chamada...mas deixe-me dizer-lhe que apesar de ser católica (com muito orgulho) sou antes de mais um ser humano que preza a vida dos outros que já o são mas que ainda não se manifestam.

Cumprimentos

Liliana F. Verde disse...

Olá!

Quando o mrc me deu a conhecer esta notícia não fiquei nada espantada. Afinal de contas, não é o que esta lei estupidamente vem permitir?

Lutei contra esta lei, muito embora tenha estado todo o tempo do outro lado do mundo (e não pude votar!), mas lutei e lutarei sempre contra ela.

Isto só vem provar que os do "não" não são assim tão parvos quanto os pintam. Não foi por acaso que quis que o blogue "A minha vida é um dom" continuasse aberto... para mostrar as mentiras e revelar as vergonhas em que nos temos vindo a afundar...

O país até podia nadar em dinheiro, ter uma sustentabilidade maravilhosa, etc., etc., que a minha opinião seria a mesma: NÃO. Este é um problema ético e civilizacional muitíssimo grave. Isto faz-me lembrar esta fabulosa frase que pôs a pensar muito sobre o assunto:

"Se uma mãe pode matar o seu próprio filho, o que poderá impedir, a ti ou a mim, de nos matarmos um ao outro?" (Madre Teresa de Calcutá)

E essa de se ser desejado dá para rir. Não é que eu a semana passada vi num jornal que a Catarina Furtado está grávida e não estava à espera de um segundo filho? Não foi desejado, não é? Segundo a lógica da senhora, esse seu próprio filho não tem condições para vir ao mundo... era a lógica dela...

Mas ainda a lei não foi aprovada... porque muito ainda há-de vir...

Gi disse...

Eu estive do outro lado Ka e prometi a mim própria que não comentava mais o assunto. Não sou convencida nem quero convencer. Basta-me saber que não hipoteco os meus princípios.

Noite feliz. Um beijinho

Ka disse...

Liliana,

Veremos o mais mais aí vem...e estaremos cá para comentar, verdade?

Beijinho

Ka disse...

Gi,

Respeito a tua opinião. Também eu já estive do outro lado.

Este post é uma camada de atenção ao que a liberalização pode chegar, bem como a desigualdade de tratamento das mulheres. Não julgo ninguém em particular mas não acho aceitavél ser equiparada a quem não se preocupa em ter uma sexualidade consciente e responsável. Todas as outras excepções já estavam previstas na lei.

Beijinho e um dia feliz

/me disse...

Acho que mais grave ainda, onde está a ajuda às mulheres que efectivamente queiram ter os filhos e não tenham condições? Que abortem, não é?

Enfim. Já se sabia que era isto que ia acontecer... Mas os hipócritas éramos nós...

De qualquer modo, vim aqui para falar de outra desgraça, a que se passa no Darfur: http://plataformafrica.blogspot.com/2007/06/e-por-que-no-hei-de-ajudar-as-sanes-s.html . Achei que poderias querer divulgar (compreendo que possas ter outras prioridades; há muitas causas, não dá para todas).

Liliana F. Verde disse...

http://prasinal.blogspot.com/2007/06/leituras.html

Bj